quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Espaço DFV - NY

Já falamos aqui de Diane von Furstenberg (se você não viu acesse o post sobre ela:  Diane) .  Agora a moçoila resolveu abrir as portas de seu humilde espaço em Nova York para a revista Architecturial Digest. O lugar, que fica localizado na cobertura de um prédio antigo serve tanto para trabalhar quanto para descansar e é super estiloso, assim como a designer. Só por curiosidade vale a pena conferir:









terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

O corpo como arma - protesto contra o fascismo na moda.

"Esse é um país de homens e para homens. Ninguém aqui faz nada pelas mulheres."


Esta frase é de Inna Shevchenko, fundadora do Femen, um grupo que luta pelo direito das mulheres na Ucrânia. Provavelmente você já se deparou com fotos de protestos deste grupo em jornais ou na internet. São aquelas mulheres que protestam nuas pelas ruas da antiga união soviética. 
Além da minha simpatia pela causa, achei os motivos apresentados pela fundadora do grupo muito próximos da realidade brasileira e da falta de perspectiva das nossas mulheres. E como este blog fala de jóias, moda, casamento e se destina em grande parte ao público feminino, achei que vem bem a calhar a última manifestação do grupo feminista, que incluía a grife Versace como alvo de suas reivindicações. 
Sem blusa e com o corpo pintado, seguraram cartazes comparando "moda" e "fascismo", e a grife italiana com anorexia. 

Não é que eu não goste de moda, mas realmente acredito que muitas vezes ela é fascista e oprime as mulheres... Tem que acabar? Não, mas tem que ser diferente.
Se você quer saber mais, assista abaixo o vídeo sobre uma manifestação do grupo e acesse o link em que a fundadora explica o que é e como funciona a organização. 



segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Oscar ou DASPU? Acho as prostitutas mais legais.

Hoje é um dia fácil para quem escreve sobre moda. Em todos os cadernos, blogs e jornais proliferam comentários sobra as roupas e as jóias usadas pelos artistas de Hollywood na festa do Oscar. 
Eu não vou mentir e dizer que não fui dar uma espiada na TV para ver um pouco do glamour desta festa. E torcer por artistas e filmes que nunca ganham.... Mas não vou mentir e dizer que as caras e bocas botocadas das estrelas também não me irritaram. Me irritaram e muito.
Eu tinha acabado de assistir a um filme super pesado sobre um massacre do qual a humanidade até hoje se envergonha quando mudei de canal para me deparar com a alienação Hollywoodiana. 
Foi fazer isto e dar de cara com Sandra Bullock e Cameron Diaz botocadas e espremidas em seus justíssimos vestidos Louis Vitton ou Valentina Delfino, tanto faz. 
Todas muito carregadas no ouro e nos diamantes, prontas para aparecer para o mundo. 
Tudo bem, é legal, é glamouroso, é rico, mas não dá pra levar isso a sério né? 
Nem dá para pensar que a moda precisa ser tão fútil e vazia quanto a maioria dos filmes premiados pela tal academia na festa de ontem.
Por isso, pensei que ao invés de tratar do tema tão óbvio, eu poderia falar hoje a partir de um outro ponto de vista. Pensei em falar da moda como um um instrumento de engajamento político, pensado para defender e dar visibilidade a uma causa.
É exatamente a partir deste contexto que surgiu a marca DASPU.
Sempre me simpatizei com a grife que reúne prostitutas do Rio de Janeiro para  fazer moda politizada. Por meio de modelos e camisetas contendo frases ativistas, estas mulheres conseguiram ter voz e defender seus direitos políticos. Não há como não preferir falar destas mulheres a aguentar a mesmice babaca das estrelas de cinema de Hollywood. Basta assistir ao trecho do documentário abaixo para ver que a moda pode ser muito mais que botóx, vestidos justos e jóias de milionárias entediadas.Ela pode conferir dignidade e auto-estima. além de funcionar como um canal de comunicação excelente.
Sinceramente, adoro moda, e acredito realmente que ela não precisa ser fútil para funcionar. 


A antropóloga Hilaine Yaccoub  que fala sobre as questões sociais e culturais que envolvem a Moda, levanta quatro pontos relevantes acerca da aceitação e identificação com a DASPU. Primeiro, ele aponta que a grife nunca teria frutificado não fosse pelo contexto de uma luta política. Além disso, o nome da marca, fazendo alusão a grife multimarcas Daslu, que havia sido incriminada por sonegação fiscal e corrupção naquele momento, o brilhantismo do nome, somado ao discurso político foram complementares para o sucesso. Outra questão levantada é a moda ser vista como arte, tendo variadas temáticas hoje em dia. Moda não é apenas tecido cortado e costurado, moda é linguagem temporal e identitária. O terceiro ponto levantado pelo autor é o empreendedorismo empresarial, uma vez que a DASPU nasceu dentro de um contexto de ativismo, tendência hoje para segmentar consumidores, que compram para investir e apoiar numa causa, o ativismo político dentro da moda é sentido pelo consumidor da DASPU. E finalmente o quarto aspecto levantado é o erótico. As prostitutas sempre foram alvo de fantasias de homens e mulheres, e brincar com essa lógica auxilia a venda de qualquer produto. 

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Resultado do sorteio!

Olá, conforme explicamos anteriormente, consideraremos os três últimos números do primeiro prêmio da loteria federal. Como o número da centena ultrapassou o número de inscritos, consideramos a dezena. 
O número sorteado pela loteria federal foi: 17.316 (concurso do dia 25/02/2012)


A ganhadora foi: MONIQUE MACHADO. inscrição n.16


Entraremos em contato com a ganhadora, que tem o prazo de uma semana para responder. Caso o contato não seja feito, realizaremos outro sorteio.


Obrigada a todos que participaram. Este mês abriremos as inscrições para um novo sorteio. 


Beijos e boa semana a todos.  





sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

As jóias de Krishna (Fábulas e Lendas da Índia) - Por Manoj Das -

Adoro fábulas e lendas antigas.... Esta é uma fábula hindu sobre Krishna e suas jóias. Espero que gostem....

Kala, o ladrão, arrastava-se furtivamente de quarto em quarto, pela casa do homem rico. Não havia sido difícil entrar desapercebido, porque todos que viviam na vila, tinham vindo naquela noite para ouvir o Pandit. Agora, estavam sentados à volta dele no saguão central, ouvindo com atenção extasiada uns poucos versos que ele cantava, tirados de seu precioso livro de folhas de palmeira, diante dele no estrado, explicando-os e desenvolvendo-os para que todos pudessem entender. O dono da casa, sua família e os empregados estavam absorvidos, como os outros, devoção feliz e brilhante em seus rostos, e todos os cuidados e brigas esquecidos, no deleite de ouvir as histórias doces e encantadoras do Senhor.
Era uma oportunidade maravilhosa para Kala tentar apossar-se de tudo que pudesse. Sua mente estava ocupada com sua busca e não prestava nenhuma atenção à história que fascinava os aldeões. Ele era um ladrão e um vagabundo, não tinha lar, nem família ou amigos. Uma vaga lembrança do homem que ensinara o único ofício que ele conhecia era tudo que restava. Kala não tinha a mínima idéia se o velho Babu era relacionado com ele de algum modo; sabia apenas que tinha sido gentil e lhe ensinado como ser rápido e esperto para surrupiar pequenos objetos que podiam ser trocados por dinheiro, em certos lugares que eles conheciam. O que não aprendera com o velho Babu, conseguiu fazê-lo por si próprio, desde que seu protetor desaparecera – quer para o reino do Senhor Yama (o deus da morte), ou para seu equivalente, a cadeia, Kala não sabia. Agora não tinha mais ninguém e procurava defender-se da única maneira que conhecia. Estava quase sempre sozinho quando ia de aldeia em aldeia, de cidade em cidade, e sonhava em ter um lugar a que pertencesse, em vez de ser sempre um intruso, à margem das coisas, olhando para um mundo onde não havia lugar para ele. Imaginava-se encontrando alguma coisa realmente valiosa – uma rica bolsa de homem, um diamante, um bracelete de rainha... algo que pudesse lhe proporcionar o bastante para comprar uma pequena casa na cidade e mantê-lo, a fim de nunca mais ficar com medo. Então ele teria vizinhos, amigos... sabia que era apenas um sonho, mas o pensamento de seu tesouro aquecia-lhe o coração e enchia-lhe a mente, enquanto andava de quarto em quarto. As palavras de Pandit, que prendiam a atenção dos aldeões, nada significavam para Kala. Mas, de repente, uma frase atraiu sua atenção, e detendo-se na sua ronda furtiva, ele ouviu a história, com crescente encanto, e foi se aproximando, sem notar, do círculo à volta do estrado.
Pandit estava lendo e cantando o Bhagavata Purana, que fala das histórias admiráveis da vida do Senhor Krishna.Ele estava passando apenas uns dias nessa aldeia, pois era sua vida andar de um lugar pra o outro, contando a todos que o quisessem ouvir sobre o seu amado Senhor. Na noite anterior, narrara a seus ouvintes ansiosos o nascimento deKrishna, a crueldade de Kamsa, e como Krishna, milagrosamente, havia sido trazido para casa de Nanda, o pastor, onde crescera como filho da Mãe Yashoda. Esta noite a história era sobre a juventude de Krishna, na floresta deBrindavan. Os versos contavam, como ao primeiro clarão do dia, os meninos pastores gritavam do lado de fora da casa deKrishna:
Krishna! Balarama! Ainda não acordaram? Venham, seus dorminhocos! É hora de levar as vacas para pastar.
Então relatavam como a Mãe Yashoda preparava a comida antes de os meninos se ataviarem com as belas roupagens que sempre usavam. O Pandit descrevia com detalhes cheios de amor, como ela os vestia com belos dhotis– o de Krishna, amarelo alaranjado, que brilhava contra sua pele escura, e o de Balarama, azul escuro, como o mar distante. Depois, ela colocava seus adornos: pulseiras, colares, cintos e ornatos de cabeça engastados de jóias e, por último, suas tornozeleiras de ouro. Estas foram as palavras que atraíram a atenção de Kala e seu espanto crescia, à medida que o Pandit ia descrevendo todo o esplendor cintilante dos ornamentos de Krishna:
- Pulseiras de ouro incrustadas de pérolas e rubis nos braços; um cinturão de ouro e pérolas à volta da cintura; um diadema de ouro na cabeça, no qual sempre usava uma pena de pavão; ao redor dos tornozelos, sinos de ouro que faziam uma música tão encantadora que arrebatava a alma; e à volta do pescoço um colar de jóias variadas engastadas de ouro, que pendia até o peito, onde um único diamante brilhava com tal esplendor que o próprio sol parecia escuro.
Pandit continuava a falar sobre os olhos travessos deKrishna, o encanto suave de seu rosto que irradiava tal amor e beleza, que se poderia contemplá-lo para sempre com incansável deleite; de sua pele escura e cabelos encaracolados, suas mãos e pés delicados, o charme de cada linha de seu corpo...e por fim, a irresistível música de sua flauta, cujo fascínio não podia ser expresso em palavras. Mas Kala não estava ouvindo. Nem tinha voltado ao seu trabalho. Permanecia deslumbrado, estupefato, diante da perspectiva que se abria diante dele. Por que deveria ele se incomodar em furtar uma ninharia aqui, uns poucos níqueis ou tecido ali? Por que continuar nessa existência imprevidente, andando de um lugar para outro, roubando o que podia conseguir? Se ele pudesse encontrar essas duas crianças, seria fácil tirar seus adereços... e então não teria mais com que se preocupar durante o resto da vida. Poderia comprar uma pequena casa e viver tranqüilamente como todo mundo. Sua mente continuava, repetindo sempre a descrição que ouvira daquelas maravilhosas jóias. Até que podia quase ver, diante dos olhos, a criança escura, cintilando com todos os seus atavios. Não podia pensar em mais nada. E assim ele ficou como se estivesse em transe, surdo, até que Pandit terminasse sua história.
Então o bom Pandit, o rosto brilhando de devoção convidou todos os ouvintes para comer prasad. Enquanto faziam suas oferendas, ele deu um punhado de flores perfumadas a cada um, e assim abençoadas e purificadas, as pessoas voltaram às suas casas. Kala deixou a casa com o resto, porém esperou fora, atrás de uma árvore, até que finalmente o Pandit fosse levado à porta para se despedir, com os respeitosos cumprimentos do anfitrião de sua família. Nosso ladrão tinha decidido falar com o Pandit e descobrir mais sobre aquelas duas maravilhosas crianças e suas jóias.
Assim, quando o Pandit se pôs a caminho em direção à casa, que havia sido providenciada para sua estada, Kala seguiu-o; e ao chegarem a um trecho deserto do caminho, ele gritou:
- Hei, Panditji! Espere por mim, quero falar-lhe!
Ao som daquela voz áspera, o Pandit pensou imediatamente em assalto. No seu cinto carregava todo o dinheiro que os aldeões tinha lhe oferecido como dakshina, e ele estava com medo... Apertando sua roupa mais de encontro ao corpo, ele apressou o passo. Mas outra vez Kala gritou:
- Espere por mim, Panditji! De que tem medo? Quero perguntar-lhe uma coisa.
Então, não havia razão para se preocupar. O Panditparou e esperou, dizendo uma prece em seu coração.
- Quero saber mais acerca daqueles meninos... aqueles meninos de quem você estava falando. Como se chamam? Onde moram? Quem é seu pai? Como posso encontrá-los?
Pandit estava assombrado com a avalanche de perguntas desse homem de aspecto rude; como ele não parecia lhe querer mal, respondeu:
- Você não ouviu o que esta a dizendo às pessoas?Krishna e seu irmão Balarama vivem na casa de Nanda, o chefe dos pastores, perto de Brindavan, e todos os dias, ao amanhecer, levam as vacas para os campos e florestas que margeam o rio Yamunda.
- Qual é o caminho daqui para Brindavan? Não é muito longe, não é? É verdade que essas crianças vão todos os dias para os campos, vestidas como você disse, com todas aquelas jóias esplêndidas?
Pandit começou a ter um vislumbre de percepção. Sentiu que, talvez, pudesse adivinhar o que tinha despertado o interesse deste sujeito inculto... e ele queria apenas chegar em casa com seu dinheiro e a pele intacta. Porém ainda perguntou:
- Por que você está me fazendo todas essas perguntas? Você não ouviu o que disse? O que o fez tão interessado?
Kala olhou para o Pandit e disse francamente:
- Olhe para mim! Você sabe o que sou, não é? E por que iria um ladrão com eu ficar interessado naquelas crianças? É verdade que elas têm todas aquelas jóias... ou você estava apenas inventando? – perguntou ele de repente, avançando para o Pandit, com o punho levantado e olhar ameaçador.
- Não, não, não inventei. Claro que é tudo verdade, - disse o Pandit apressadamente.
- E se eles usam todas aquelas jóias quando vão para os campos todos os dias, devem ter muito mais em casa para ocasiões especiais, não é Panditji? Quanto você acha que elas valem juntas?
- As riquezas de Krishna são um tesouro inestimável, além de tudo que se possa imaginar, - replicou o Pandit com um sorriso.
- Bem, só daqueles adereços faria minha independência para o resto da vida. E eu pretendo ir até lá e conseguir algo, - disse o ladrão. – Assim, é melhor você me dizer, francamente, Omo posso chegar lá. E não tente brincar comigo, porque, se não os achar, pode ficar certo de que voltarei e me vingarei. Mas se conseguir o que quero, então dar-lhe-ei sua parte por ter me ajudado, você verá.
Assim o pobre Pandit, querendo apenas chegar em casa salvo, apontou para o norte e disse:
Brindavan fica para aquele lado.
- E como vou saber quando chegar lá? Como é que ele é, esse lugar Brindavan? – interrogou Kala.
- Há um rio largo, com lindos prados verdes e arvoredos de flores ao longo das margens. Especialmente, há belas árvores Kadamba... você conhece a árvore Kadamba, com suas longas folhas e enormes bolas de flores? Lá os pastores vêm de manha cedo, e Krishna fica debaixo de uma Kadamba, tocando sua flauta encantada; você certamente o reconhecerá quando o vir.
O crédulo ladrão ficou muito satisfeito com o que Panditlhe disse de suas memórias dos versos sagrados, resolvendo partir imediatamente e não descansar até chegar ao rio, achar as maravilhosas crianças e tomar-lhes alguns de seus tesouros inestimáveis.
Era o alvorecer do terceiro dia quando Kala chegou ao rio. Ele não tinha quase dormido e comido no caminho e, durante toda sua longa jornada, uma imagem somente enchia sua mente: a linda criança escura de cabelos encaracolados, num dhoti amarelo e jóias brilhantes, com uma pena de pavão no diadema. Esta visão o havia incitado de tal modo durante as cansativas milhas, que ele estava vagamente consciente da fome e sede e fadiga e da dor nas pernas e nos pés. E aqui, finalmente, estava o rio, parecendo tão fresco e acalentador, brilhando esmaecido ao lusco-fusco, correndo veloz e profundo entre as ribanceiras verdes, margeado aqui e ali por pequenas praias de areia. Certamente este deveria ser o lugar!
“Mas os meninos não virão senão de manhã...” pensou Kala, e imaginou qual seria a direção da aldeia; mas ele não via nenhuma casa por perto, e o rio fresco e a grama verde pareciam tão convidativos que ele decidiu ficar onde estava e esperar pela luz do amanhecer. Refrescou os pés doloridos no rio e a água pareceu-lhe tão boa que mergulhou nela. Depois estendeu o corpo fatigado na grama refrescante e macia. Porém, embora estivesse muito cansado, a imagem daquela criança encantadora ainda flutuava diante de seus olhos fechado... Talvez tenha passado uma ou duas horas quando ela acordou com um luar radiante em seu rosto, seu corpo tremendo de excitação.
“Eles virão ao primeiro raio de sol”, pensou, “vou encontrar um bom lugar para me esconder e procurar por eles; não devo perder essa oportunidade.”
E seguiu para a ribanceira do rio, procurando pela kadamba que Pandit havia mencionado. Eram muitas as árvores belas e altas e, enquanto seguia o rio, logo chegou a um lindo arvoredo de folhas largas, perfumadas com as inflorescências de bolas fofas, que enchiam o ar com seu olor. Enquanto ele passava debaixo das enormes árvores, Kala teve a estranha sensação de algo que nunca tinha sentido antes na vida, algo mágico e doce, um sopro de promessa encantadora.
“Este deve ser o lugar”, pensou, “aqui estão as árvores. E como é viçosa a grama e a vegetação. Seguramente eles virão para cá com suas vacas ao amanhecer. Este deve ser o lugar.”
Ele tremia de excitação outra vez, ao procurar um esconderijo. Escolheu um arbusto perto do rio, entrou debaixo de seus galhos e sentou-se para esperar a manhã. Mas havia formigas que picavam e nem mesmo a visão na sua mente podia fazê-lo se esquecer dessas criaturas importunas.
“Além disso”, pensou, “e se Krishna seguir outro caminho? Mesmo que ele esteja apenas um pouquinho mais além do rio, posso perdê-lo... e aqui na margem não parece existir nenhuma trilha de vacas. É melhor trepar numa dessas árvores e então serei capaz de vê-lo mesmo à distância.”
Assim ele se arrastou, removendo as formigas e galhos de seus braços e cabelos, e olhou à volta à procura de uma boa árvore para subir. Havia uma à margem do arvoredo e, com alguma dificuldade, alçou-se entre os ramos cheios de folhas. Porém as folhas formavam uma folhagem tão espessa que ele não podia ver muito e também não estava confortável, pousado num ramo como um passarinho; estava com medo de que, se adormecesse, caísse como uma fruta madura. Assim, desceu outra vez para procurar um lugar melhor. Por fim, simplesmente recostou-se contra um dos grandes troncos, liso e prateado, num pequeno nicho, onde ficou abrigado e não podia ser visto; e a despeito de toda sua ansiosa antecipação, foi vencido pelo cansaço e seus olhos fecharam-se e a cabeça pendeu para o lado.
Aos primeiros raios da madrugada, despertou assustado...o que o teria acordado de seus sonhos deKrishna? Lá estava outra vez, muito doce para ser o canto de pássaros, embora eles estivessem acordando e espalhando seu canto à volta, enquanto a luz mágica da madrugada intensificava todos os matizes e sombras maravilhosas da floresta. Desta vez soaram bem claras na primeira brisa trêmula, as notas de uma flauta! O coração de Kala quase deixou de bater de excitação e deleite – eles estavam realmente vindo, o Pandit não o tinha iludido, não tinha cometido um engano, este era o rio certo, a floresta certa, e eles estavam vindo por este caminho, em direção a este mesmo arvoredo! Ele podia ouvir as vozes infantis agora e o andar compassado das vacas... contudo, eles estavam passando um pouco para a esquerda e desaparecendo na floresta – ele não iria encontrá-los!
Kala já se punha de pé para seguir as vozes, quando um movimento, num canto longínquo da clareira, chamou sua atenção. Lá, debaixo da mais afastada árvore, estava uma pequenina figura, seu dhoti amrelo-laranja, barrado de vermelho e dourado, cintilava incrivelmente vívido naquele alvorecer matinal contra a pele escura e os verdes e cinzas da floresta. O menino estava lá, parado, e tocava flauta, como você deve tê-lo visto muitas vezes em pinturas, um pé cruzado sobre o outro, uma pena de pavão no cabelo, jias reluzindo à volta do pescoço, dos braços, dos tornozelos e testa, um sorriso doce no rosto e olhos faiscando de malícia. Mas o que Kala viu era mais encantador do que qualquer quadro que você ou eu tenhamos visto, mais encantador mesmo do que a visão que ele tinha guardado em sua mente todos esses dias e noites de jornada, algo absolutamente estimulante e arrebatador em sua beleza, porque era o próprio SenhorKrishna.

Kala completamente embevecido, deixou seu esconderijo e aproximou-se cada vez mais do fascinante menino, irresistivelmente atraído pela beleza do que via e ouvia. E quando ele chegou bem perto, Krishna tirou a flauta dos lábios e sorriu para o pobre ladrão, tão ternamente que todo o corpo de Kala tiritava e estremecia de deleite. Krishnademorou nele seu olhar e então falou, uma voz que era tão encantadora e musical quanto todo o resto:
- Querido kala, você não queria algo de mim?
Kala não estava nem mesmo espantado de que o sedutor menino soubesse seu nome. Ele mal notou, porque um fluxo de vergonha intensa e dolorosa tomou conta dele quando, de repente, lembrou-se da intenção que o havia levado até lá. Logo a seguir, porém, apercebeu-se queKrishna sabia perfeitamente bem porque viera e que ele não estava zangado, apenas rindo dele. E Kala também, olhando para aqueles olhos, podia ver que tudo era gracejo.
- Querido, querido menino, é verdade que vim para roubar suas jóias, mas isso foi antes de conhecê-lo. Pensei que queria ser rico, mas na verdade queria ter um amigo... agora que o vi, por que precisaria de dinheiro? Você é meu amigo, não é? – perguntou.
- É claro que sou seu amigo, e assim posso dar-lhe um presente. Apenas diga-me, o que gostaria de ter?
- Diga-me somente que posso vir aqui encontrá-lo quando quiser, olhar para você e às vezes ouvi-lo tocas sua música encantada; isso é tudo que quero, - disse Kala, com lágrimas nos olhos.
- Mas minhas jóias... você fez todo esse caminho para conseguir minhas jóias. Você não quer nada agora? – disseKrishna, olhando sério, mas com uma faísca travessa brilhando nos olhos.
- Guarde suas jóias... elas ficam tão bem em você! Apenas..., - Kala pausou como se pensasse em algo, - prometi ao Pandit, que me falou de você, que se o encontrasse, dar-lhe-ia alguma coisa. Se não fosse por ele, nunca o teria visto... talvez você pudesse me dar algo para ele? – perguntou Kala acanhadamente.
Krishna riu alto e tirou um dos seus braceletes de prata, lindo, engastado com uma bela esmeralda.
- Tome isto para o Pandit, - disse, - e é claro que você pode vir aqui me ver quando quiser. Venha a esta arvoredo qualquer manhã, debaixo desta árvore e me chame; prometo que virei.
- Querida criança, querida criança, - disse Kala, sacudindo a cabeça, - mas você tem certeza de que está direito, sua mãe não vai brigar com você? O Pandit ficará muito feliz, é uma coisa linda...
- Talvez minha mãe ralhe comigo, mas logo a farei sorrir de novo, - disse Krishna com os olhos faiscando, - mas venha, vamos ao encontro dos outros... eles foram banhar as vacas!
Os pés de Kala pareciam ter asas enquanto ele corria de volta à aldeia onde deixara o Pandit. O pensamento de seu maravilhoso novo amigo e sua recém encontrada felicidade não deixava lugar para fraqueza ou fome, e ao passar, distraído, pelas aldeias no caminho, a gente se maravilhava com seu rosto brilhante e a luz que parecia acompanhá-lo. Todavia, foram três dias de jornada até que alcançasse a aldeia. O Pandit tinha terminado sua série de palestras e estava se preparando para partir, no dia seguinte, para o próximo estágio de sua jornada. Tarde da noite, ele ouviu uma forte batida na sua porta e, ao relutar em abri-la imediatamente, escutou chamarem:
Panditji, Panditji, você está dormindo? Abra depressa, trouxe uma coisa para você.
Apesar de reconhecer a voz do ladrão, que ele esperava nunca mais ver, havia alguma coisa tranqüilizadora em seu tom e o homem não parecia que tivesse voltado para se vingar. Mais por curiosidade do que por outra coisa, o Pandit abriu a porta. Kala entrou como um pé de vento, os olhos luzindo e imediatamente ajoelhou-se e tocou os pés em Pandit:
- Obrigado, eu o encontrei, Panditji! Estou tão agradecido! Sem o senhor não o teria conhecido nunca! Ele é tão bondoso e encantador e maravilhoso, que o senhor não pode imaginar... que linda criança! E eu contei sobre o senhor,Panditji, e ele mandou-lhe isto! – e Kala tirou o precioso bracelete da cintura de seu traje em farrapos.
Pandit teve que se sentar, de repente, perguntando incoerentemente:
- O que... quem... onde você foi... que aconteceu?
E Kala, rindo, encantado pela consternação do velho homem, teve de contar toda a história, justamente como lhe contei.
Você pode imaginar como o Pandit teve dificuldade em acreditar no que ouvia. Ele era um homem educado e, apesar de toda sua devoção, sabia muito bem que o Krishna real havia vivido há milhares e milhares de anos atrás, lá longe no norte... e assim, o que era que este pobre sujeito esfarrapado estava balbuciando? E contudo... havia o bracelete, e aí estava Kala com seu rosto e voz transfigurados... O Panditinterrogou-o, repetidamente:
- Onde você o viu? Como é que ele era? O que ele disse então? E o que fez em seguida? – e assim por diante.
Depois de muitas e muitas perguntas e das respostas simples e diretas de Kala, o velho disse por fim:
- E ele realmente prometeu-lhe que você o poderia encontrar quando quisesse? Então leve-me com você, amigo... vamos partir imediatamente. Toda minha vida tive vontade de vê-lo, mas nunca pensei que realmente acontecesse.
E ele teria partido imediatamente, sem mais delonga. Porém o pobre Kala estava exausto, depois de toda viagem, e não tinha se alimentado durante o caminho de volta, e ele implorou por algo para comer e uma noite de descanso antes de partirem outra vez. Contudo, a madrugada seguinte viu-os na estrada... uma dupla estranha: o venerável Pandit, com sua veste branca impecável, e o abrutalhado Kala, em seus trapos desbotados, carregando o precioso volume que continha os livros do Pandit, alguns pertences e, agora também, o bracelete do Senhor. Enquanto eles andavam, Kala questionava o velho sobre Krishna e maravilhava-se com tudo que ele podia dizer sobre o surpreendente menino. E, em troca, o Pandit questionava Kala e pasmava-se com as coisas simples, convincentes, e ainda inacreditáveis, que ele dizia sobre o menino que lá encontrara. Assim, as milhas passaram facilmente, até que por fim chegaram, à noite, às margens do rio e, na orla da floresta, refrescaram-se e deitaram-se para dormir.
Antes do alvorecer, Kala acordou o Pandit:
- Agora ele virá... vamos para o arvoredo; você pode esperar junto dos espinheiros que eu o chamarei.
E de fato, quando Kala chamou, ouviram-se as notas suaves de uma flauta se aproximando através do ar enevoado da manhã, e Kala logo pôde ver seu amigo de pé, debaixo da árvore, tocando e piscando para ele.
- Querida criança, - disse, - espero que não se importe... trouxe o Panditji. Ele estava tão excitado ao receber seu presente, que quis lhe agradecer pessoalmente; ele já queria encontrá-lo há tanto tempo e conhece toda espécie de histórias a seu respeito. Você de fato fez todas aquelas coisas? Não importa, conte-me outro dia... Olhe, ele está esperando acolá. Posso chamá-lo?
- Eu posso vê-lo, - replicou Krishna sorrindo, - mas não acredito que, mesmo se o chamasse, ele fosse capaz de me ver, por enquanto. Ele não tem coração puro e a visão inocente. Contudo, você pode lhe dizer que estou esperando por ele, não o esqueci, e certamente ele me verá um dia.
E olhava ternamente para o velho, ainda de pé ao lado do espinheiro. O Pandit, atordoado, fitava Kala que parecia estar falando com o ar.
Todavia, ele podia ouvir a flauta. E mais tarde disse a Kala, quando se sentavam juntos na cabana simples que construíram ao lado do rio e que partilharam por vários anos, até a morte do velho homem:
- Compreendo muito bem... eu já era um homem educado quando li as histórias do Senhor; e apesar de ter desejado ardentemente em meu coração vê-lo e conhecê-lo, tinha também outros desejos e pensamentos em mim. Porém, desde o momento em que você ouviu falar sobre ele, não teve nenhum outro pensamento em sua mente, nenhum outro desejo em seu coração, a não ser ele. Foi sua Graça que se derramou sobre você.. Mas posso ouvir sua flauta na floresta todas as manhãs e você me diz como ele está e o que diz e faz com você, e ele prometeu que eu também vou vê-lo um dia, com meus próprios olhos. Estou contente.

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Dentinhos

O tempo passa tão rápido e quando vemos, aquele bebezinho que esperneava todas as noites roubando nosso sono já está virando uma criancinha crescida.
Ficam as lembranças dos primeiros passos, das primeiras palavras, dos primeiros dentinhos.E a sensação de que o tempo nos escapa pelas mãos. Não só o tempo, mas também aquele ser que cresce e se torna cada vez mais autônomo, mais independente de nós, mais do mundo e menos nosso. 
Por isso é tão especial a maneira como escolhemos para guardar certas lembranças. São lembranças de um tempo fugidio. Não apenas para a criança, mas também para nós. 
São momentos que sabemos importantes. Que representam uma passagem, um desafio, uma conquista e que queremos eternizar de algum jeito. Como se pudéssemos parar o tempo com as mãos.

Por isso todo instante que elegemos para eternizar deve ser pensado com muito carinho. E cada nova fase celebrada com alegria e emoção. 
É percebendo como cada uma destas novas fases acontecem que guardamos , por exemplo, o dentinho de leite que nosso filhote perdeu. E é observando como este momento é importante, pois percebemos também quão diferente ele está a cada dia, que escolhemos eternizar este instante. 
Afinal é uma longa e "dramática" história desde que a criança descobre o dentinho mole, até o momento em que ele cai, ou dependendo da coragem é arrancado... E levado pela fada ou dado para a mamãe, dependendo do seu grau de convencimento... Para minha pequena, por exemplo, foi uma conquista ter coragem de arrancar o dente que na verdade já estava mais do que pendurado. 
São lembranças que todos gostaríamos de guardar!

As fotos que colocamos aqui foi um projeto desenvolvido exclusivamente por nós, com muito carinho para uma pessoa querida que escolheu fazer deste um momento importante para eternizar por meio de uma jóia. E assim são as melhores jóias, sempre atreladas a momentos especiais.
fotos: Taynam Bueno. Caracol Design.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Museu dos corações partidos

Há uma certa beleza triste nos relacionamentos passados. Principalmente, ou ainda, unicamente se estes relacionamentos foram grandes amores. O que me chamou atenção no  Museum of Broken Relationships, na Croácia foi, além do tema, o fragmento que o site cita em sua primeira página:

 “Every passion, ultimately, has its spectator… (there is) no amorous oblation 



Esta é uma citação de um dos meus livros preferidos "Fragmentos de um discurso amoroso" de Roland Barthes. 
Além disso, o que atrai na temática do museu é que a ruptura é sempre um fantasma para aqueles que amam. Deus o livre nosso relacionamento atual, o qual amamos e desejamos ser eterno chegar ao fim. O próprio Barthes entrelaça este sentimento ao sentimento da Catástrofe "uma crise violenta da qual o sujeito amoroso experimenta a situação amorosa como um impasse definitivo," da qual jamais poderá sair sem que destrua a si mesmo.
Este quase luto, luto pelo outro, luto por si mesmo, pode ser verificado no museu. Ele funciona, ao meu ver, como um cemitério, onde objetos relacionados ao antigo relacionamento representam materialmente uma maneira de preservar a memória de um tempo que passou. Não para celebrar a saudade que se tem do outro, mas para representar uma identificação do próprio sujeito amoroso com uma fase de sua própria vida. 



A ideia foi da artista Olinka Vistika que, após o fim de uma história de amor, reuniu todos os objetos que representavam seu relacionamento e seu término.  Ela convidou amigos a fazerem o mesmo. 



Lá é possível encontrar cartas românticas, fotografias, anéis de compromisso, vestido de casamento, entre outros pertences.

Um veterano de guerra doou, por exemplo, a prótese de sua perna. Para ele, a prótese simbolizava sua história de amor com a enfermeira que cuidou dele. “A prótese durou mais do que o nosso amor. Aparentemente, era feita de um material melhor.”
Um celular velho traz o relato de um doador anônimo que diz: “Durou 300 dias, além do que deveria. Ele me deu seu telefone celular para que eu não pudesse chamá-lo mais”.

Pois é....

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Medida do aro


Ás vezes vemos algo na internet, ou queremos encomendar um anel e precisamos saber rapidamente qual é o número que usamos. Na falta de um medidor um jeito rápido de resolver a situação é apelar para um barbante, linha ou papel. A medida nem sempre é exata, mas ajuda bastante a ter uma ideia do seu número.



Como medir:

Pegue uma linha ou pedaço de papel que não seja mais largo que 15m
Enrole na base do dedo.
Use uma caneta para marcar a linha ou papel onde ele se encontra à outra extremidade
Com uma régua meça do início até a marca feita com a caneta

5,00cm – aro 10
5,10 cm – aro 11
5,20 cm – aro 12
5,30 cm – aro 13
5,40 cm – aro 14
5,50 cm – aro 15
5,60 cm – aro 16
5,70 cm – aro 17
5,80 cm – aro 18
5,90 cm – aro 19
6,00 cm – aro 20
6,10 cm – aro 21
6,20 cm – aro 22
6,30 cm – aro 23
6,40 cm – aro 24
6,50 cm – aro 25
6,60 cm – aro 26
6,70 cm – aro 27
6,80 cm – aro 28
6,90 cm – aro 29
7,00 cm – aro 30
7,10 cm – aro 31
7,20 cm – aro 32
7,30 cm – aro 33


Dicas importantes
  • Quando medir o dedo não esqueça que o anel tem que passar por todo o dedo, não esqueça as juntas
  • Não meça o dedo quando estiver muito frio. Os dedos estão mais finos e um anel ficará apertado nos dias mais quentes
Outra maneira de medir:

1º Clique na imagem das medidas (ilustração abaixo) ou se achar necessário imprima;
2º Pegue uma aliança do tamanho certo do seu dedo e teste cada uma das medidas até encontrar a certa..


Lembramos que o resultado pode não ser exato, mas se aproxima bastante do tamanho real.
beijos.