segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Oscar ou DASPU? Acho as prostitutas mais legais.

Hoje é um dia fácil para quem escreve sobre moda. Em todos os cadernos, blogs e jornais proliferam comentários sobra as roupas e as jóias usadas pelos artistas de Hollywood na festa do Oscar. 
Eu não vou mentir e dizer que não fui dar uma espiada na TV para ver um pouco do glamour desta festa. E torcer por artistas e filmes que nunca ganham.... Mas não vou mentir e dizer que as caras e bocas botocadas das estrelas também não me irritaram. Me irritaram e muito.
Eu tinha acabado de assistir a um filme super pesado sobre um massacre do qual a humanidade até hoje se envergonha quando mudei de canal para me deparar com a alienação Hollywoodiana. 
Foi fazer isto e dar de cara com Sandra Bullock e Cameron Diaz botocadas e espremidas em seus justíssimos vestidos Louis Vitton ou Valentina Delfino, tanto faz. 
Todas muito carregadas no ouro e nos diamantes, prontas para aparecer para o mundo. 
Tudo bem, é legal, é glamouroso, é rico, mas não dá pra levar isso a sério né? 
Nem dá para pensar que a moda precisa ser tão fútil e vazia quanto a maioria dos filmes premiados pela tal academia na festa de ontem.
Por isso, pensei que ao invés de tratar do tema tão óbvio, eu poderia falar hoje a partir de um outro ponto de vista. Pensei em falar da moda como um um instrumento de engajamento político, pensado para defender e dar visibilidade a uma causa.
É exatamente a partir deste contexto que surgiu a marca DASPU.
Sempre me simpatizei com a grife que reúne prostitutas do Rio de Janeiro para  fazer moda politizada. Por meio de modelos e camisetas contendo frases ativistas, estas mulheres conseguiram ter voz e defender seus direitos políticos. Não há como não preferir falar destas mulheres a aguentar a mesmice babaca das estrelas de cinema de Hollywood. Basta assistir ao trecho do documentário abaixo para ver que a moda pode ser muito mais que botóx, vestidos justos e jóias de milionárias entediadas.Ela pode conferir dignidade e auto-estima. além de funcionar como um canal de comunicação excelente.
Sinceramente, adoro moda, e acredito realmente que ela não precisa ser fútil para funcionar. 


A antropóloga Hilaine Yaccoub  que fala sobre as questões sociais e culturais que envolvem a Moda, levanta quatro pontos relevantes acerca da aceitação e identificação com a DASPU. Primeiro, ele aponta que a grife nunca teria frutificado não fosse pelo contexto de uma luta política. Além disso, o nome da marca, fazendo alusão a grife multimarcas Daslu, que havia sido incriminada por sonegação fiscal e corrupção naquele momento, o brilhantismo do nome, somado ao discurso político foram complementares para o sucesso. Outra questão levantada é a moda ser vista como arte, tendo variadas temáticas hoje em dia. Moda não é apenas tecido cortado e costurado, moda é linguagem temporal e identitária. O terceiro ponto levantado pelo autor é o empreendedorismo empresarial, uma vez que a DASPU nasceu dentro de um contexto de ativismo, tendência hoje para segmentar consumidores, que compram para investir e apoiar numa causa, o ativismo político dentro da moda é sentido pelo consumidor da DASPU. E finalmente o quarto aspecto levantado é o erótico. As prostitutas sempre foram alvo de fantasias de homens e mulheres, e brincar com essa lógica auxilia a venda de qualquer produto. 

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